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Manuel Bandeira

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, ou mais conhecido como Manuel Bandeira é considerado o segundo maior poeta do modernismo Brasileiro, perdendo apenas para Carlos Drummond de Andrade, suas obras são marcadas pelo melancolismo, com uma pitada de bom humor, caracterizadas pela sua infância, família e amigos.

TRAJETÓRIA DE MANOEL BANDEIRA

Bandeira nasceu na cidade de Recife, em 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1968, aos 82 anos de idade, conviveu com a tuberculose em grande parte da sua vida, por mais de 50 anos de existência, adquiriu a doença aos 17 anos de idade. Com esse cenário, os poemas de Manuel Bandeira traziam e trazem ares de melancolia, tristeza e expectativa da morte.

Manuel Bandeira foi criado pelos pais Manuel Carneiro, um grande engenheiro da época, e pela sua mãe Francelina Ribeiro.  Manuel não viveu sua vida toda em Recife, aos 16 anos de idade, já adolescente e já iniciante nos estudos, mudou-se para o Rio de Janeiro com os seus pais, concluindo assim seus estudos.

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho

Como muitos pensam Manuel de Bandeira não iniciou sua vida com a paixão nos livros, depois que terminou seus estudos, iniciou um curso de arquitetura na chamada Escola Politécnico de São Paulo, mas infelizmente em meados dessa época, descobriu uma grande enfermidade, a Tuberculose, diante disso, teve que parar o curso para iniciar um tratamento, aos 17 anos de idade.

Com a doença o Escritor se viu em um mundo obscuro e sem possibilidades de sobrevivência, com 27 anos de idade, ou seja, dez anos depois que descobriu a enfermidade, procurou ajuda medica na suíça, nesse mesmo lugar conheceu Paul Éluard, poeta Frances, que também lutava contra a enfermidade. Com essa doença, Manuel buscou inspirações para sua escrita literária e criação de obras, como veremos a seguir:

OBRAS

O escritor sempre escreveu poemas voltados para sua realidade, extraída da simplicidade, com inspirações rápidas e momentâneas, chamadas de poesias do alumbramento. O cenário poético, como mencionado, sempre teve presença marcada por muitas vezes da tristeza misturada com melancolias.  Os versos poéticos de Manuel são regados por versos líricos, musicais e com um toque de bom humor, prosaicos e metalingüísticos.

Segue algumas obras de inicio de carreira do Escritor:

  • A cinza das Horas foi o primeiro Livro publicado, em 1917, a sua influencia advêm de um período simbolista e parnasiana, envolvidos pelo sofrimento e melancolia, seguido pelo poema chamado desencanto
  • Em 1919, publicou Carnaval, os poemas de versos livres já se encaixavam na lógica modernista, provocando a idéia da liberdade formal
  • Em 1921 é marcada a primeira fase modernista, Manuel colaborou com o gênero com Mario de Andrade
  • 1922 criou o poema chamado “Os Sapos”, o mesmo foi duramente criticado e vaiado durante sua apresentação no Teatro Municipal, o poema ridiculariza o parnasianismo diante das métricas e rima desse estilo literário
  • 1925 publica o Ritmo Dissoluto, e no mesmo ano começou a escrever crônicas fazendo criticas pontuais sobre o cinemas e musicas da época

Em 1930, publicou um livro de poemas de grandes sucessos, poemas esses que retratavam suas expectativas e anseios diante a vida, como Pneumotórax, Evocação do Recife e Vou-me embora pra Pasárgada, sendo que a mesma é considerada uma autobiográfica lírica, nele Manuel expõe a vontade de ir para outro país imaginário, nesse país ele seria amigo do rei e poderia fazer tudo àquilo que foi impedido pelo fato da doença.

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vêm a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Como podemos observar no poema, Manuel retrata tudo aquilo que tinha vontade de fazer durante toda sua vida, principalmente na mocidade, e não pode realizar por conta da enfermidade da tuberculose que o acometeu tão cedo, chegando a ser um poema bem melancólico.

Outras obras foram publicadas ao longo da sua vida, dedicou-se a varias vertentes da literatura, como Poesia, prosa, antologias, e poemas, como Lira dos Cinqüentas anos (Poesia, 1940) Belo, Belo (Poesia, 1948), Antologia Poética (1961), Andorinha, Andorinha (Prosa, 1966), Porquinho da Índia, sendo que o mesmo é o mais famoso entre tantos outros poemas criados pelo escritor.

Como Machado de Assis, Manuel Bandeira também teve seu reconhecimento na Academia Brasileira de Letras. Em 1938, teve outra grande conquista , foi nomeado professor de Literatura, reconhecido no Colégio Pedro II, e em 1943, também foi nomeado professor de Literatura na Faculdade de Filosofia. O escritor veio a falecer no Rio de Janeiro, em 1968, publicando sua ultima obra, chamada Colóquio Unilateralmente Sentimental, uma prosa publicada no ano da sua morte, deixando assim maravilhosas obras de grandes historias.

Assim, esse artigo é finalizado com uma fala que Manuel concedeu em uma entrevista para o site revista bula, em que diz: “Posso dizer que pouco se me dá, quando morrer, morrer completamente para sempre na minha carne e na minha poesia.”

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