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Cultura Afro-Brasileira

Do samba e do carnaval à comida, música e religião, a cultura africana está em todo lugar no Brasil.

A herança cultural deriva dos cerca de quatro milhões de escravos que foram trazidos para o país ao longo de um período de 300 anos, pelo menos quatro vezes mais do que para os Estados Unidos.

O Brasil foi o último país a abolir o comércio de escravos em 1888. Mais da metade dos brasileiros agora se identificam como negros ou mestiços, segundo o último censo.

O Rio de Janeiro agora tem o carnaval mais famoso do mundo, atraindo cerca de 1,1 milhão de visitantes para a cidade este ano e com 5,3 milhões de pessoas participando de festas de rua, de acordo com o jornal de língua inglesa The Rio Times.

O carnaval, que é celebrado em todo o Brasil, combina samba – música e dança que cresceram nos bairros negros do Brasil – e a tradição católica de celebrar o período da Quaresma trazido pelos colonialistas portugueses.

Celebrações do carnaval em Salvador. O carnaval é o maior feriado do Brasil, atraindo milhões em celebrações que antecederam a terça-feira gorda, antes do início da Quaresma. As origens do Carnaval combinam as celebrações festivais católicas dos colonialistas portugueses e a música e a dança dos escravos africanos.

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Após a abolição da escravatura, os rituais dos ex-colonialistas católicos e seus ex-escravos se fundiram para formar as origens do carnaval moderno, de acordo com o Rio Times.

Uma explicação para as origens do carnaval é que ele começou em uma igreja católica, Nossa Senhora do Rosário, construída por escravos em 1700, cujos mestres queriam que eles se convertessem ao catolicismo.

“Os negros que faziam parte dessa congregação, a maioria deles veio do Congo”, disse João Carlos Desales, um guia turístico que levou a CNN ao redor do Rio de Janeiro.

“Então eles puderam organizar uma festa onde escolheriam um homem e uma mulher, e eles seriam o rei e a rainha do Congo. Essa festa acabou sendo o começo do carnaval celebrado no Brasil.”

Até mesmo muitos dos santos católicos brasileiros são considerados herdeiros africanos.

São Bento, cujo nome é lembrado na igreja de Nossa Senhora do Rosário, era um escravo do norte da África, que prometeu dedicar-se ao catolicismo se se tornasse um homem livre, disse Desales.

A santa padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, uma estátua de barro negro da Virgem Maria, foi – segundo alguns – encontrada por escravos fugitivos a caminho de Quilombo, uma comunidade de escravos fugitivos.

Comunidades africanas do Brasil

As comunidades quilombolas continuam em todo o Brasil até hoje.

Luis Sacopa, presidente da associação de Quilombos, administra um restaurante com seus 17 membros de sua família em um pedaço da selva, no que hoje é um subúrbio caro do Rio de Janeiro.

História africana do samba brasileiro

Os avós encontraram este pedaço de terra depois de escapar da escravidão.

A família travou uma batalha legal para manter sua terra contra a ameaça de despejo e agora tem proteção oficial pelo seu direito de permanecer.

“Graças a Deus, tivemos sucesso e ainda estamos aqui no final de nossa disputa”, disse Sacopa. “Graças a deus, a família se uniu, estamos brigando e vencendo a luta contra a elite neste caro bairro do Rio de Janeiro.”

Sacopa disse que ele foi capaz de resistir ao despejo com a ajuda de seus Orixás, deuses do povo Yoruba do sudoeste da Nigéria, Benin e Togo.

No Brasil, a religião é conhecida como Candomblé, e tem um grande número de seguidores em algumas áreas afro-brasileiras, particularmente em Salvador, no estado da Bahia.

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O candomblé foi proibido no Brasil até a década de 1950, mas influenciou grande parte da comida e da música do país.

No restaurante do Sacopa, ele serve feijoada, um prato tipicamente brasileiro, criado originalmente pelos escravos das sobras dos donos.

Um novo Circuito Histórico do Patrimônio Africano foi inaugurado no Rio de Janeiro em 2010 para ajudar turistas e descendentes de escravos a se reconectarem com a escravidão do passado.

O projeto começou depois que os trabalhadores que instalaram um novo sistema de drenagem nos distritos centrais de Saude e Gamboa descobriram centenas de objetos pessoais pertencentes a escravos africanos, de acordo com o Rio Times.

Os arqueólogos estabeleceram que este era o local do complexo de comércio de escravos do século XIX, o Cais do Valongo ou o Valongo Quays.

Muitas das descobertas estão agora em exibição nos Jardins de Valongo, informou o jornal.

Outra descoberta dos últimos anos são os restos de um cemitério escravo no pátio de uma casa no centro do Rio de Janeiro.

Renaldo Tavares, um arqueólogo que estuda a descoberta, disse: “Estes são restos humanos misturados ao lixo da cidade. Isso mostra como a sociedade no século XIX tratava os escravos.

“Ossos, pedaços de cerâmica, pedaços de construção, telhas, restos de animais, pedaços de comida, a sociedade jogou todos os tipos de coisas aqui. Os esclavos eram considerados lixo pela sociedade “.

Ana Mercedes Guimarães, a proprietária que descobriu os ossos em seu pátio, disse: “Quando começamos uma reforma em nossa casa, encontramos todos esses ossos. Pensamos que era um túmulo de família, mas havia tanta coisa que pensávamos tinha sido um serial killer.

“Mas então nos acalmamos e conversamos sobre isso e chamamos um advogado e a polícia. E ele disse não se preocupe, não vamos acusá-lo, é provavelmente algo muito antigo.

“Um vizinho nos disse, há muito tempo, sua rua era um cemitério de escravos.”

A terceira cidade do Brasil, Salvador, no estado da Bahia, nordeste do Brasil, tem algumas das ligações mais fortes com a África.

Salvador foi a primeira capital colonial do Brasil e seu distrito central, o Pelourinho, agora um patrimônio mundial da UNESCO, foi o primeiro mercado de escravos do Novo Mundo a partir de 1553, segundo a UNESCO.